Por meio de novas tecnologias e aplicativos, consumidores podem apagar luzes de casa, fechar e abrir portas - tudo pelo celular
BRIAN X. CHEN
O smartphone deixou de ser apenas um computador portátil
no seu bolso: ele se tornou o controle remoto de sua vida. Você quer
apagar as luzes da sala, abrir a porta da frente ou saber como anda sua
pressão? Isto já pode ser feito por meio de aplicativos de celulares que
funcionam com acessórios embutidos com sensores ou uma conexão à
internet.
Há muito tempo as empresas de tecnologia prometem o sonho da casa
conectada, do corpo conectado e do carro conectado. Estas conexões
sempre se revelaram ilusórias. Mas, no ano passado, aplicativos
proporcionaram o mecanismo para essas conexões. Isto ocorre porque os
smartphones se tornaram aparelhos dos quais as pessoas não mais se
separam. Mas também porque os sensores sem fio hoje são menores, mais
baratos e estão em todo lugar.
As grandes companhias com grandes marcas promovem intensamente os
novos usos desses aparelhos. A General Motors anuncia seu Chevy Malibu
Eco com um homem que mostra aos pais como ligar o motor do carro com um
smartphone. Um dos principais atrativos do termostato Nest é sua
capacidade de acender a caldeira a quilômetros de distância com um
celular.
A ideia de um aparelho que permite desligar as luzes com um
smartphone leva a pensar em mais uma engenhoca, mas os consumidores
estão cada vez mais interessados nos aplicativos, segundo Bill
Scheffler, diretor de desenvolvimento do Z-Wave Alliance, um consórcio
de empresas que fabricam aparelhos elétricos conectáveis.
A situação se assemelha à da época em que as janelas elétricas
começaram a ser usadas nos automóveis, ou os fabricantes de televisores
passaram a oferecer o controle remoto. "As pessoas comentavam: 'Para que
todo mundo quer um controle remoto para a TV se basta levantar e mudar
de canal?" observou. "O progresso é isto." Companhias como a AT&T,
Black & Decker e Honeywell já vendem produtos conectados a
aplicativos.
A AT&T, que oferece conexão sem fio, anunciou que começará a
vender em março um sistema de segurança chamado Digital Life, que
permitirá que as pessoas usem tablets ou telefones para monitorar
câmeras, alarmes e até mesmo cafeteiras. Ralph de la Vega, diretor da
AT&T Mobility, disse que a segurança da casa é uma grande
oportunidade para aumentar o faturamento. Hoje, somente 20% das casas
americanas dispõem de sistemas de segurança - logo, há um vasto mercado a
ser explorado.
'Kit' de conexão. A Ingersoll Rand, que fabrica produtos industriais,
oferece um kit básico e software para as pessoas conectarem suas casas.
Inclui uma fechadura, um interruptor de luz e uma "ponte" sem fios, ou
estação-base, para conectar os aparelhos à web. Eles podem ser
controlados com um aplicativo para smartphone ou tablet chamado Nexia
Home Intelligence.
Os clientes pagam uma taxa de pelo menos US$ 9 ao mês pela
assinatura, podendo comprar os aparelhos e a estação-base separadamente.
Os produtos de várias outras companhias utilizam os sensores de um
smartphone e a conexão à internet para monitorar a saúde dos
consumidores.
A iHealth vende monitores para checar a pressão sanguínea com um
aplicativo. Na feira de eletrônica CES, em Las Vegas, lançou um medidor
de glicose sem fios, o Smart Glucometer, que permite que os diabéticos
afiram o nível de açúcar no sangue. O usuário coloca uma amostra de
sangue numa fita de teste e a introduz num acessório preso a um
smartphone - e um aplicativo faz a leitura do nível de açúcar no sangue.
Os produtos da iHealth já apareceram nas lojas da Apple, Target e
BestBuy. As operadoras de planos de saúde também poderão adotar produtos
para monitoramento. Adam Lin, gerente geral da iHealth, disse que a
companhia está conversando com duas seguradoras para estudar o eventual
fornecimento dos seus produtos aos pacientes, o que contribuiria para
reduzir as visitas dos médicos.
Jornal O Estado de São Paulo
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