2012 foi mesmo o ano do Instagram. A rede mudou padrões nos negócios e na relação das pessoas com a web
SÃO PAULO – Se 2012 tivesse uma cor, seria um tom amarelado e antigo.
O ano poderia ser relembrado em imagens ensolaradas, fotos de praças e
praias, pratos de comida, gatos e unhas recém-pintadas. Retratos
cotidianos em que as pessoas aprenderam a enxergar beleza por causa do
Instagram.
A rede pensada para celulares apareceu em outubro de 2010. Era
restrita a iPhones, o que a transformou em um clube fechado. Foi só em 3
de abril ( de 2012) que a rede lançou um aplicativo para Android.
O sucesso foi instantâneo: em 24 horas, foram 1 milhão de downloads.
E, seis dias depois (e uma média de 1 milhão de usuários a mais por
dia), a rede foi comprada pelo Facebook em um acordo de US$ 1 bilhão. A
empresa foi do zero para os nove zeros em um ano e meio.
Em setembro, a rede social atingiu 100 milhões de usuários que
aprenderam rápido sua linguagem visual e subjetiva. O Instagram é um dos
responsáveis por incentivar os usuários a permanecerem conectados o
tempo todo. Ele é o lugar para compartilhar fotos na hora, de onde
estiver. O Instagram fez muita gente educar o olhar para cenas
“instagramáveis”.
Ao ser comprado pelo Facebook, o Instagram criou perfis visíveis na
web, mas suas características permaneceram. Por isso o anúncio da
mudança em seus termos de uso, há duas semanas, causou comoção.
Primeiro: os tentáculos de publicidade do Facebook chegariam ao oásis do
Instagram? Segundo: a rede poderia vender as fotos dos usuários? Muitos
anunciaram que sairiam da rede. A debandada fez o cofundador se
desculpar. “Foi nosso erro a linguagem confusa”, escreveu Kevin Systrom.
O Instagram se popularizou, mas ainda tem um quê de clubinho. Poucos
de nossos pais ou tios estão ali. Não há anúncios. Lá as pessoas falam
menos. Toda a interação é simples: dois cliques na tela e a foto está
curtida. Os comentários são curtos. O Instagram está mudando a forma de
as pessoas se relacionarem com o celular – e com as cenas ao redor. Se
2012 fosse revisto apenas pelas fotos postadas por seus usuários, o ano
pareceria mais bonito.
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