A História de Ozires Silva , fundador da Embraer
Reitor da Unimonte. Engenheiro formado pelo ITA. Já ocupou a presidência
de empresas como Embraer (onde também foi fundador), Petrobras e Varig.
Também ocupou o Ministério da Infraestrutura.
Coréia do Sul e Brasil já foram parecidos,
por Ozires Silva
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Crédito: Divulgação |
Em 1960, os dois países eram típicas nações do mundo subdesenvolvido,
atoladas em índices socioeconômicos diferenciados e bem mais baixos
daqueles vistos em países que se distanciavam em progresso e
desenvolvimento, e com taxas de analfabetismo bastante altas.
Suas economias produziam produtos baratos e primariamente fabricados.
Importavam a imensa maioria dos produtos mais sofisticados, dos quais
precisavam. Não fabricavam a maioria das máquinas que utilizavam para a
produção dos bens essenciais para a sobrevivência do setor produtivo e
da própria população.
Na época, a renda per capita coreana era a metade da do Brasil. Hoje,
passados 40 anos, um abismo separa o Brasil da Coréia. O país do Sul da
Ásia exibe uma economia ativa e capaz de triplicar de tamanho a cada
década. Sua renda per capita cresceu 19 vezes desde os anos 60, e a
sociedade atingiu um patamar de bem-estar invejável. Os coreanos
praticamente erradicaram o analfabetismo e colocaram 82% dos jovens na
universidade.
Já o Brasil mantém 13% de sua população na escuridão do analfabetismo
e tem apenas 18% dos estudantes no ensino superior. Sua renda per
capita é hoje menos da metade da coreana. Em suma, o Brasil ficou para
trás e a Coréia largou em disparada. Por que isso aconteceu e, mais
importante, como pôde ocorrer?
Todos os analistas são unânimes. A diferença veio do investimento
ininterrupto, eficiente, objetivo e maciço na educação da população.
Enquanto os asiáticos despejavam dinheiro nas escolas públicas de ensino
fundamental e médio, sistemática e obstinadamente, o Brasil, embora a
prioridade constitucional, sem projetos de longo prazo, aplicava os
recursos para a área educacional de acordo com a preferência dos
Governos politicamente orientados para outros projetos, muitos deles
mirabolantes, que viraram fumaça a cada troca dos líderes de cada época.
O jornal londrino Financial Times publicou há três anos uma manchete:
‘Coréia do Sul: Um Fanatismo pela Educação’, que traduz diretamente uma
relação de causa (a Educação) e de efeito (a prosperidade econômica).
De fato, o país conseguiu organizar uma sociedade obcecada pelo estudo e
pela aplicação escolar, pilares fundamentais de sua economia atual.
Seria um equívoco imaginar que a experiência da Coréia possa ser
integralmente transplantada para o Brasil. Mas entre todas as políticas
adotadas pela Coréia nos anos 60 para aumentar os índices educacionais
do país, uma, de natureza simples, colheu efeito excepcional: o
investimento público concentrou-se no ensino fundamental e ficou a cargo
da iniciativa privada cuidar da proliferação do ensino superior.
Isto, sob certos aspectos, ocorre conosco. Mas há uma diferença
importante. Nossos alunos das escolas oficiais nada pagam e os das
escolas privadas cobrem todos os custos, inclusive os tributários, como
se uma escola fosse uma típica empresa produtiva comum.
As comparações e os diagnósticos são muitos, mas será que seremos
lidos, ouvidos e, se isso acontecer, faremos algo para criar um novo
futuro, no qual nossos filhos e descendentes vivam num país melhor,
oferecendo mais em qualidade de vida para cada cidadão? Não podemos nos
esquecer que nossa Lei Maior, a Constituição de 1988, estabelece em seu
artigo 205: “A educação, direito de todos e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho”.
Assim, as soluções a serem aplicadas também cabem a nós: os pais de
família, aos cidadãos e não somente aos representantes eleitos!
Artigo divulgado em 11 de novembro no jornal A Tribuna de Santos
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