Nayara Fraga - O Estado de S.Paulo
Venda de aparelhos com preço inferior a R$ 1.000 dispara em 2012; participação do segmento sai de 25% em janeiro para 58% em outubro
SÃO PAULO - Nada de iPad ou tablet que exige muito do
bolso. O que atraiu os brasileiros neste ano foram as pranchetas
eletrônicas com custo abaixo de R$ 1.000. De janeiro a outubro de 2012, a
participação dessa categoria no mercado de tablets subiu de 25,3% para
57,7%, segundo levantamento da empresa de pesquisa Nielsen.
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ERNESTO RODRIGUES/ESTADÃO |
‘Não queremos ser como Apple ou Samsung porque eles são classe A e B’, diz Paulo Xu, da DL
Não são aparelhos extremamente sofisticados, mas têm as
características suficientes para o usuário de nível básico: preço
acessível, plataforma Android, conexão Wi-Fi à internet e sete
polegadas, tamanho que torna fácil a tarefa de carregar o dispositivo
numa bolsa ou num casaco.
"O iPad e o Galaxy Tab são os tops de linha, mas o mercado está
concentrado nos tablets mais simples", disse Thiago Moreira, diretor de
Telecom da Nielsen. "No ranking dos tablets mais vendidos do Brasil, os
quatro primeiros custam menos do que R$ 1.000."
Uma empresa importante nesse setor é a DL, que tem dez modelos de
tablets em linha de produção a preços que variam entre R$ 350 e R$
1.300. Se analisados os números fornecidos pela empresa e o último
levantamento da IDC, é possível dizer que a DL tem cerca de um terço do
mercado - a consultoria prevê que 2,9 milhões de tablets sejam vendidos
no Brasil neste ano, e a DL espera encerrar 2012 com 1 milhão de tablets
produzidos.
A fábrica da empresa fica em Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais.
Lá são feitas tabuletas pretas, brancas, cor-de-rosa, com suporte para
Wi-Fi e/ou 3G, com tela 3D (para ser usado com óculos), com plataforma
configurada para crianças, de 7, 8 e 10 polegadas.
É uma variedade que destoa de grandes empresas, como a Apple, que deu
início a esse mercado em 2010 e está agora no seu quinto modelo - o
iPad mini, de 7,9 polegadas. Os anteriores têm 9,7 polegadas e estão
disponíveis em preto e branco.
"Eles são multinacionais e não conseguem lançar produtos para nichos
específicos", disse o chinês Paulo Xu, fundador da DL. "Nós estudamos o
mercado e sabemos que o rosa que agrada à brasileira é o mais forte, não
o mais claro."
Apesar de não ter nascido no País e ainda ter um sotaque forte, ele
sabe das necessidades da classe média. Quando se mudou da China para o
Brasil, seu primeiro emprego foi como cozinheiro de um restaurante. O
salário era de R$ 450 por mês e ele vivia em cima do restaurante, num
quarto de três metros quadrados. Até se tornar uma potência no mercado
das pranchetas, ele abriu o próprio restaurante e depois passou a
importar panelas elétricas para arroz sob o nome Doce Lar (DL).
O negócio evoluiu para a produção local de eletrônicos e fez a sigla
DL virar Digital Life, como revelam os sites dos revendedores da marca.
Hoje a empresa fatura R$ 200 milhões.
Outra companhia que aposta na variedade das pranchetas é a brasileira
Multilaser. A empresa, que chegou ao mercado há 25 anos com cartuchos
para impressoras, tem sete modelos de tablets (cores e tamanhos
variados). O de maior sucesso é o Diamond, de R$ 439, que deve
representar até o fim do ano metade das vendas de 500 mil tablets. AOC e
Positivo também são marcas importantes no mercado nacional. Em comum,
têm a variedade de modelos e o preço ao alcance do bolso do brasileiro.
22 de dezembro de 2012 | 18h 28
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